terça-feira, 6 de julho de 2010

Com a palavra REIcardo Teixeira!


Na contramão do discurso do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, as categorias de base da seleção brasileira rendem poucos frutos para o time principal em disputas de Copa do Mundo.

Na segunda-feira, um dia depois de demitir o técnico Dunga, o dirigente máximo da CBF reiterou que quer um processo de renovação no time e citou a importância da base nacional.

"Para jogar na seleção em 2014 o jogador tem que ter [agora] 18, 19 ou 20 anos. E depois o técnico escolhe um ou outro jogador mais experiente. Não tem outra saída. Vai ter que ser nessa linha [de trabalho]", disse Teixeira. "A seleção sub-20 [atual] que vai começar a ser preparada [agora] vai ter em 2014 jogadores com 24 anos", disse o dirigente.

No entanto, a história mostra que os mundiais de base influenciam pouco no futuro do time. O Mundial sub-20, por exemplo, teve sua primeira edição em 77 e passou a ser disputado a cada dois anos.

Pentacampeão mundial e tetra da categoria sub-20, o Brasil só tem seis atletas que levaram títulos pelas duas seleções: Bebeto, Jorginho, Dunga, Muller, Taffarel e Dida. Outros cinco foram campeões mundiais com a seleção principal e jogaram um Mundial sub-20, mas sem título: Denilson, Luizão, Kaká, Ronaldinho e Roberto Carlos.

Ou seja, apenas 25% dos jogadores campeões mundiais em 1994 e 2002 tiveram passagens em seleções sub-20. E só 14% deles conquistaram títulos nas duas.

Denilson e Luizão, por exemplo, eram reservas na seleção brasileira que ficou com o vice-campeonato mundial no sub-20 de 1995. Só eles daquela equipe conseguiram jogar --e ganhar-- uma Copa do Mundo. Ambos questionam a importância de se jogar na seleção de base e dizem que isso pouco ajuda.

"Só joguei esse Mundial, não tinha nenhum outro jogo pela base da seleção. E vários outros jogadores do São Paulo na minha época eram convocados para a seleção. E o que fez mais sucesso fui eu. Não peguei experiência [na carreira] por essa passagem em um Mundial. O que vale é a experiência do clube. Isso de jogar na seleção amadora, de base da seleção, não influencia depois", falou Denilson.

"Eu acho que não pesa nada [jogar na seleção de base], porque a diferença é muito grande de uma competição de juniores para uma principal. O que vale é a experiência que adquiri jogando como profissional, não o fato de ter passado pela base da seleção. Você não sabe nem se os convocados [na base] são os melhores mesmo. É complicado", opinou Luizão.

Para o ex-zagueiro André Cruz, que foi integrante do time brasileiro vice-campeão no Mundial de 98, a passagem pela seleção de base é importante --ele disputou o Mundial sub-20 de 87--, mas o jogador é submetido a uma pressão psicológica maior no profissional.

"Ajuda a experiência da seleção de base; toda experiência é bem-vinda, assim como se o cara joga em um Milan ou Inter de Milão, em campeonatos importantes e joga finais. Isso ajuda para caramba. Mas a seleção brasileira de base não tem a mesma pressão que a principal, nem um amistoso pela seleção principal é igual a um jogo de Copa. Vemos muitos jogadores que passaram na base e jamais conseguiram se firmar na seleção principal e nem em clubes", falou Cruz.

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